terça-feira, 18 de maio de 2010

Minhas sazonais e curtas incursões pelo balé clássico




A primeira vez foi há mais de dez anos. Certo dia , durante um ensaio do grupo de jazz, nosso professor e coreógrafo, o Daioner Romero (que eu não sei por onde anda) olhou pra nós e disse assim: Vocês estão todas tortas. Cruzes, e juro que não é por culpa minha! Mas vou fazer tomar uma providência. Vou chamar um amigo meu que é professor de clássico para pegar uma hora do ensaio e dar uma "acertada" em vocês. Eu fiquei ansiosa, que o balé sempre foi um sonho dourado e distante pra mim. Sou capaz de chorar até hoje até em apresentação de baby class! Pois durante a tal aula o professor dava algumas rotinas, barra, deslocamentos, posturas etc. e quando acabava aquela hora e faltavam ainda 3 horas de ensaio, eu pensava. "Que pena... por mim poderia seguir todo o tempo que faltava com essa aula que eu nem sentia o tempo passar.". As meninas do jazz puro, dava graças a deus: "Acho lindo balé clássico, mas não via a hora de acabar essa aula. Essas músicas são devagar demais pra mim."
Adorava aqueles momentos clássicos dentro do ensaio do jazz, só que o professor ia dando as aulas, não explicava o porquê de nada, e eu e as meninas também iamos fazendo a coisa e pronto. Eu sinceramente não parava para "pensar", simplesmente ia fazendo o que ele pedia, o que quer dizer que não tinha uma consciência precisa do movimento que estava executando.

Foi-se o professor de clássico depois que nosso coreógrafo decidiu que já estávamos mais aprumadas. E eu esqueci do assunto, com tantas atividades que tinha para fazer.
Dia desses soube que teria balé clássico para dultos na academia que frequento, mas como é um curso pago à parte, dei uma espiadinha na aula e deixei pra lá. Se eu fosse uma rica, gastaria todos os meus tostões fazendo aulas de dança de todo tipo. Encontrei com a professora nos corredores e ela me propôs que eu fizesse umas duas aulas free, para conhecer o trabalho, já que tinha tanto interesse em dança e tals. Minha surpresa foi imensa, porque na faculdade de dança ela teve cursos com outro tipo de abordagem ligados a teóricos da reeducação do movimento, eutonia, Laban e uma linha parecida com a do Ivaldo Bertazzo. Então ela explicava os movimentos e o porquê, que grupo muscular estaria envolvido e consequências, etc. parava para massagear os pés dos alunos, coisa que eu nem cismava ter em uma aula de clássico, e claro deslocamentos de centro, barras, saltinhos, ou seja, tudo também do "normal". Ok, mas não vou deixar as aulas de DV, ainda mais estando cada vez mais comprometida, fiz tudo o que há pouco tempo falei que não ia fazer: estou dando aulas, tirei DRT, ainda bem que a gente muda de opinião. Na verdade, isso tudo para mim era como a fábula da raposa e das uvas. Desdenhava, mas queria comprar. E estou muito em paz por ter tomado essa decisão. Agora dá para seguir em frente com mais convicção.
Mas voltando ao caso clássico, desejaria que todos que trabalham com dança de alguma forma pudessem ter acesso às aulas de clássico com essa abordagem de conciência corporal. O curso embora caro vale muito a pena. Espero poder fazê-lo em um momento mais abonado.