sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Pequenas grandes vitórias


Dançando com alunas

Conseguir dar aulas, manter e já aumentar minha turminha de alunas para 2011.
Terminar a coreo, ensaiar (ainda que com com muita gente faltando, saindo de férias no meio dos ensaios, aquelas coisas que a gente só percebe que irritam mesmo depois que começa a dar aulas). As meninas estavam soltas, felizes, o público estava muito receptivo e caloroso (e olha que não tinha tanto parente assim) e tudo correu muito bem. Dançaram uma introdução clássica que serviu como entrada, seguida de um baladi moderno que elas próprias escolheram e finalizaram com uma percussão de dificuldade razoável. Encararam tudo com muita coragem e alegria. Fiz um solo, não porque goste tanto do formato "professor dança depois sozinho", pois só em DV é que fui ver isso, em flamenco, jazz, hip hop e outros nunca vi. Até já ocorreu uma vez na turma de flamenco, quando eu fazia aulas, de os professores todos juntos no final darem uma palhinha de roupa normal e tudo, mas nada muito estudado, sem nenhum glamour. Mas em DV faz parte do show, o povo, incluindo alunos, quer ver o professor se apresentar, mostrar o que sabe fazer além de tirar o couro nos ensaios e dar broncas. Dancei Yasmina, 9:30, sem editar. Foi um fervo, tava o maior calor, mas valeu muito a pena. Vou postar tudo quando conseguir obter as filmagens.
Nada mau para quem não sabia que rumo tomar com a dança e estava à beira de uma depressão no começo deste do ano! Temos de comemorar todas as vitórias, as pequenas e as grandes. Para mim e minha pequena turma de alunas (todas, assim como eu, de mulheres que trabalham, algumas com filhos para cuidar, casa para administrar, mestrado para concluir) valeu muito a pena deixar um espaço para a arte em nossas vidas.
No fim, concluo que a dança é que literalmente me mantém de pé em todos os sentidos. Mais do que isso, ela está me levando pelas mãos, e eu digo "Eu vou, eu vou..."

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Orgulhos 1 e 2

Orgulho 1



Sábado passado, 27/11, pela manhã, no Teatro Brigadeiro, Clara dançou a Valsa do imperador, de Strauss, coreografia de Carolina Polloni, e nem o fato de a estaferma da mãe dela, esta que vos escreve, ter esquecido de levar as sapatilhas dela! a deixou nervosa. Dançou com sapatilhas emprestadas de uma amiga, como se não houvesse amanhã.

Orgulho 2


No mesmo sábado, à noite, no Teatro Santo Agostinho dancei na festa anual da Shangrilá, onde estudo, música Nesma, coreo da Lulu Sabongi, com pitacos do Gamal Seif. Deus sabe as dificuldades que passei para conseguir fazer as aulas e não deixar meus estudos de dança neste ano, mas por amor à arte, uma confiança inabalável na minha relação com a dança mais a teimosia taurina me fizeram persistir e no final valeu a pena. Minha inspiração tanto nos ensaios como na apresentação foi imaginar e sentir que os músicos que compuseram e executaram essa música maravilhosa estavam lá e também dancei como se não houvesse amanhã.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Surpresas que a dança traz

Após começar a dar aulas de "dança do ventre" tenho começado a pensar em algumas coisas e essa matéria que saiu na uol veio ao encontro disso. Não acho que o formato de blog tenha muito a ver com repassar artigos, mas nem todo mundo que lê os blogs tem o uol como provedor. Então segue o artigo muito interessante sobre os benefícios da dança como forma de terapia, não que pretenda em princípio me tornar uma terapeuta, mas é que algumas alunas têm me relatado que dormem melhor, outras estão se sentindo mais acordadas para várias outras atividades na vida, e isso tem sido surpreendente e muuuito gratificante. Peguei então para ler pela terceira vez o livro A dança, do Klauss Viana, e parece que o estava lendo pela primeira vez. Vou falar depois desse livro em outro post. As pessoas que dançam há algum tempo ou trabalham com dança de alguma fora já estão carecas de conhecer esse livro, mas nem todos que leem os blogs e não chegam a postar comentários, como eu mesma faço qdo estou na correria o conhecem.
Segue o artigo da uol de que falei:

Dança pode prevenir e auxiliar no tratamento de doenças físicas e psicológicas

Cristina Almeida
UOL Ciência e saúde 22/11/2010

Movimentar o corpo ao som de uma música não é prerrogativa dos jovens, nem dos bailarinos profissionais. Cada corpo possui sua própria dança. E os gestos e ritmos cardíaco e biológico são um exemplo disso. Quando esses movimentos são orientados por meio de uma técnica denominada Dança Movimento Terapia (DMT), eles promovem a integração física, emocional, cognitiva e social, e ainda podem auxiliar no tratamento e prevenção da ansiedade, fibromialgia, depressão, estresse, distúrbios alimentares, mal de Parkinson e até câncer. Entre os idosos, ela também aprimora as funções físicas e cognitivas.
Todos esses benefícios têm sido observados por pesquisadores na última década, mas segundo a American Dance Therapy Association (ADTA), há mais de 50 anos a prática é pioneira no entendimento de como o corpo e a mente interagem na saúde e na doença. As sessões de DMT não são uma aula de dança onde se repetem coreografias. Trata-se de um prática guiada por terapeutas devidamente habilitados a estimular movimentos espontâneos. As sessões podem ser individuais ou em grupo, e a técnica utiliza música e admite o uso de brincadeiras e materiais que estimulem a criatividade.
Judith Esperanza, dançaterapeuta e naturopata, diretora do Centro de Formação Internacional em Dançaterapia (Cefid-DMT) , conta que esse recurso foi utilizado pela primeira vez em 1940, nos Estados Unidos. “O objetivo das bailarinas Marian Chace e Trudi Schoop era auxiliar na reabilitação de pacientes desprovidos das capacidades de comunicação e expressão”, diz.
Na América do Sul, a argentina Maria Fux não só adotou a técnica como incorporou novos conceitos em benefício de pessoas com todo tipo de deficiência. “O método é integrativo e não exclui ninguém”, fala Esperanza. “Para a DMT o fato de uma pessoa não poder levantar de uma cadeira, não significa que não possa dançar. Ela movimentará suas partes saudáveis, e é a partir desse potencial que a DMT trabalha. O dançar contempla o todo: braços, dedos, e até o olhar que se move”, explica.
Uma terapia para todos
Na Itália, a bailarina Elena Cerruto, diretora da Associação Sarabanda de Milão e autora do livro No ritmo do coração, dançaterapia entre oriente e ocidente (Phorte Editora), passou a se interessar pela DMT, e nela introduziu elementos da medicina oriental. “A técnica é ao mesmo tempo um tratamento e uma terapia”. “Na DMT prevalece a linguagem não verbal, mas o meu método também estimula a troca verbal. Por isso, introduzi no curso as psicologias ocidental, chinesa e a zen budista”, esclarece a especialista.
No Brasil, não é requisito ser bailarino para trabalhar com a DMT. Entretanto, o interessado deve frequentar um curso de três anos, que tem em seu currículo não só dança, mas também psicologia, musicoterapia, cinesiologia e outras disciplinas. As especialistas esclarecem que, para os praticantes, igualmente não é exigida habilidade física específica, pois a DMT é indicada não só para pessoas com necessidades especiais, mas também para todo adulto, jovem, criança ou idoso, sem limite de idade.
“O proveito psicológico é enorme, pois permite experimentar, expressar e valorizar as próprias potencialidades, muitas vezes superando situações internas que impediam uma vida plena”, afirma Cerruto. “No aspecto físico, o corpo atinge maior elasticidade e capacidade de movimento. Traumas, dores nas costas, contrações e cefaleias podem desaparecer por meio da nova consciência do próprio corpo”, completa.
Esperanza observa que não há contraindicações para a DMT, mas os praticantes devem estar atentos aos seus próprios limites, especialmente no início. “Com o passar do tempo, a escuta pessoal se aprimora, e já não há riscos de cometer excessos”, diz.
Corpo que enxerga
Para Elisabetta Vianello, 60 anos, a DMT trouxe melhora na qualidade de vida. Como há mais de quarenta anos perdeu a visão, a técnica trouxe alívio para as tensões físicas e psíquicas. “Eu me movo melhor no ambiente que me cerca, com simplicidade e certa desenvoltura, superando os limites e enxergando com o corpo”, relata. “Durante as sessões, sinto minha respiração viva e palpitante, especialmente nas zonas que estão sempre bloqueadas: o diafragma e o abdômen. O coração também bate de forma harmoniosa e a circulação melhora. Tudo isso me deixa mais serena”, completa.
Para o cardiologista e cirurgião Giovanni Ansaldi, membro da Sociedade Italiana de Medicina Psicossomática, o valor da DMT é que ela “estimula o movimento visando o bem-estar psicofísico de uma comunidade onde o sedentarismo é a regra”.
Cláudio Santili, professor do departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, e presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT) concorda: “O mais importante da dança é a capacidade de colocar as pessoas em movimento, favorecendo o aparelho locomotor, a musculatura e os ossos”.
Porém, diferentemente de outras atividades como a ginástica ou alguma modalidade esportiva, acrescenta Ansaldi, “A DMT promove a consciência do corpo e, por meio do movimento, um contato mais profundo consigo mesmo”. “Os benefícios físicos para o aparelho cardiorrespiratório e muscular juntam-se aos psicológicos, não menos importantes”, diz. Os especialistas falam que o tempo de espera para usufruir dessa melhora dependerá de cada pessoa, mas em média, após dois meses, já se notará alguma evolução, que tende a crescer ao longo da prática.
Função analgésica
Observando a DMT de perto, o médico italiano verificou que ela também pode ser útil para aqueles pessoas que se sentem traídas pelo próprio físico, por achar que ele não atende aos modelos da moda. “Com a DMT, o corpo passa a ser usado ao invés de rejeitado. Além disso, ele é vivenciado numa dimensão comunicativa e criativa”. E acrescenta: “do ponto de vista estritamente orgânico, a DMT figura entre as terapias de maior função analgésica. Como os movimentos não são obrigatórios, nem predeterminados, a pessoa assume de forma solta e consciente, aqueles que melhor se prestam à liberação das tensões”.
Entre os idosos que perderam a mobilidade, relata Esperanza, a experiência pode ser ainda mais extraordinária. Além da resposta física, para eles há a possibilidade de resgatar a autoconfiança, criar laços de amizade e sair da solidão, além de se comunicar e tomar consciência de que ainda estão vivos. “O papel do terapeuta é ter clareza quanto às intervenções que faz, aproveitando e gerenciando cada instante durante as sessões. Afinal, nesse momento, é ele a ponte que leva o idoso ao encontro de suas próprias potencialidades”, conclui.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Revista nova de DV



Comprei meu exemplar da revista Shimmie duas semanas depois do lançamento, e olha que estou toda semana na Shangrilá, porque minha vida é uma correria.
Para minha surpresa, descobri que a editora resposável, a Rhazi, é minha colega de turma no curso semanal da Lulu. Que mundo pequeno!
Então por aqui, fora algumas vendidas em banca, creio que da Editora Scala, bem fininhas, que vêm com aulas passo a passo, só temos a Oriente, Encanto e Magia, que considero legal, bem cuidada, porém mais voltada para o calendário de eventos. O que me surpreendeu na Shimmie foram as seções com uma abordagem digamos mais "holística" da DV, como Psicologia, Pesquisa acadêmica, Fisioterapia, entre outros. As matérias não são muito aprofundadas, mas dão orientações e boas dicas, mas ísso é uma característica de quase todo periódico segmentado, afinal de contas não é uma revista "científica", de estudos e tal.
Achei legal também os vários canais de comunicação que deixam para o leitor.
O projeto gráfico é muito bacana, e há news de eventos internacionais, como o Eilat Festival, em Israel, dirigido pela Orit.
A entrevista principal tem mais de uma página. A entrevistada da Número 1 foi a Lulu, mas creio que virão outras, pois a revista é bimestral, o que dá tempo para preparar um material decente. O único senão que vi foram alguns erros de revisão, que poderiam ter sido resolvidos com um revisor de texto, que não vi nos créditos, como é usual nas publicações desse tipo. A revista é tão bonita que merece um cuidadinho nessa área. Mas sou suspeita para falar porque essa é uma de minhas áreas de trabalho, então... já falei com a Rhazi me oferecendo para revisar a revista, caso eles sintam essa necessidade. Seria um trabalho que faria bem feliz.

domingo, 5 de setembro de 2010

As mil e uma noites de Najua Fouad

Acontece comigo que há algumas bailarinas que não tive muito tempo de estudar direito ou porque alguma coisa me incomodava nelas. De repente, vejo um vídeo e puf, alguma lampadinha se acende e passo ver detalhes que antes me passaram despercebidos, talvez por desconhecimento, falta de amadurecimento mesmo ou questão de gosto no momento, este último bem subjetivo, é claro. Isso aconteceu comigo em relação à Najua Fouad. Já tinha visto inúmeros vídeos dela, mas só conseguia ver uma persona estravagante ao dançar, mas esses dias vi este novamente com Set el Hosein, então aquela lampadinha se acendeu. E o que me chamou atenção além da criatividade e elegância e eixo perfeito foi a "presença" em cena. Fora, é claro, o cenário de Mil e uma noites, que me fala, ainda que bem no comecinho do aprendizado, quem já não teve esse sonho de filme hollywoodiano? Bem breguinha para os padrões de hoje. Embora tenha visto um vídeo da Munira, a quem admiro demais, fazendo performance semelhante em uma festa de casamento. Esse negócio de sultana sendo carregada por vários eunucos ainda paira no imaginário de muita gente.
Dessa interpretação da Najua de Set el Hossein, cheia de detalhes interessantes, há ainda as partes 2 e 3, disponíveis no nosso utilíssimo youtube.
Neste momento passei a gostar demais da mulher. Vou estudá-la mais detidamente.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Olha só que interessante!



Nunca vi nenhum work igual nem sequer parecido. Trata-se de uma série de palestras sobre cinesiologia e fisiologia do exercício aplicada à dança do ventre, da qual participará essa pessoa querida e excelente bailarina e professora, a Tahia. Acho imperdível para quem dá aulas. Quero muito assistir.
Dá gosto de ver a dança do ventre sendo levada a sério.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Workshop com Leila Soraia e Kahina

Esse curso de aperfeiçoamento técnico será na Shangrilá, escola da Lulu, domingo próximo, 15/08.
O work da Leila é de percussão (modalidade na qual ela arrasa, dá gosto de ver). Como se divertir dentro das variações de ritmo, e diversão na dança é comigo mesmo, mas não é o único motivo pelo qual eu vou. Acho workshops uma maneira legal de estudar, principalmente para pessoas que não têm tempo sobrando. E no final, sempre se sai com alguma novidade.

O da Kahina, na parte da tarde é sobre danças clássicas. Elementos interessantes e o que considerar para fazer o seu solo. Sempre assisti a Kahina ao vivo, mas nunca a tive como professora, e nesse aspecto ela está numa fase madura, colhendo frutos , com sua própria escola, etc.

A intenção não é propaganda gratuita, mas sim tornar um blog com posts sazonais um pouco mais útil. Que sabe ainda há vagas por lá...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Fusão - Eu gosto!

Muito se fala em fusão e minha ex-prof., a Juliana Mariano, adepta do estilo, montou uma coreo com pout-pourri de trilhas de filmes musicais (e alguns não musicais) famosinhos, desses que eu adorava ver na sessão da tarde. Tenho várias ressalvas em relação à nossa performance naquele dia, mas o importante para mim é que foi muito muito gostoso de fazer, sinestésico eu diria, senti-me envolta numa nuvem fofa cor de rosa de véus flutuantes e perfumados. Além disso, deu pra sentir a reação do público, que foi instantânea e muito legal. A minha inspiração pessoal pra tentar entrar no espírito da música foi buscar referência em musicais ambientados em cabaré, como os trabalhos do Bob Fosse, algo meio Pinup. Gosto muito do tradicional da DV, mas foi muito divertido sair um pouco dos limites.
Tinha me dado conta de que nunca havia postado nada no blog de que tivesse participado. A imagem não está lá essas coisas, pois esta foi feita de máquina caseira de parente de uma das integrantes, dá pra ter uma ideia geral, mas... ao vivo foi muito melhor, é claro.


terça-feira, 6 de julho de 2010

Uma egípcia em minha aula!

Minha vida virtual anda lenta, mas a real vem às galopadas, e mal consigo dar conta de tudo, enfim... Estava dando uma aula para minha turminha iniciante e naquele dia ficou de vir fazer uma aula experimental uma prima do meu marido. Essa pessoa é uma caixinha de surpresas. Funcionária pública, católica praticante, a imagem da pessoa toda certinha, mas sai numa escola de samba do primeiro grupo há muitos anos aqui em Sampa. Naquele dia ela veio e disse que traria uma ou mais amigas, mas para minha surpresa trouxe uma senhora egípcia com quem faz aulas de yoga. Na hora pensei "Oh my God! Estava tendo um faniquito interno". Imagina, por mais segurança que eu tenha no que estou fazendo e por mais que tenha preparado a aula e tals. E por mais que a senhora egípcia dissesse que chegou aqui com 2 anos (carregando um forte sotaque)fiquei toda ouriçada, imagina a responsabilidade! Ela afirmou "Eu não danço, você sabe, nas festas contratamos bailarinas, mas vim acompanhar a minha amiga para uma aula". Afinal, ela é uma senhora de família, e não pega bem dançar.
Dali a pouco ela totalmente à vontade, embora desconhecesse a existência da Dina, da Raquia Rassan e que existe uma música clássica famosa com o nome dela: Hal Leyla wa Leyla, passou a me explicar algumas expressões do idioma e era shucran, yalla! Muito animada, ela não esperava meu direcionamento de braços nos exercícios de shimmies, como as outras. Ia colocando uns braços espontâneos e harmônicos do jeitinho dela. Nos pas-de-burres ia virando espontanemanete o corpo na diagonal pra lá e pra cá, antes de eu falar e seguindo os acentos da música, uma graça!
Em dado momento o assunto caiu em "então nessa hora o pessoal coloca dinheiro no cinturão da bailarina" e olhou pra mim como inquirindo "E aí, vc encararia?" Rapidinho já tratei de explicar que eu não me apresentava dessa forma, que dançava em reuniões de amigos, festas da escola e só. E que desconhecia bailarinas que aceitassem esse tipo de "gorjeta". Ela insistiu que nas festas árabes essa é uma prática aceita e no Egito também.
A não ser na casa da madame Lucy, no Cairo, nunca vi nenhum vídeo nem ouvi falar de nenhuma bailarina conhecida aceitando que colocassem dinheiro em seu cinto. Isso me parece mais coisa de streapper, com todo respeito a esse trabalho.
Ela me deixou a indicação de um filme que havia visto Tudo que Lola quiser, sobre uma aluna de dança que vai para o Egito e se apaixona pelo universo bellydancer, guiada por uma mestra da dança, que fictícia, não é nenhuma das mais poderosas conhecidas. Afinal, a protagonista é a loirinha. Ainda não assisti, mas há uma resenha completa aqui.
Terminada a aula a dona Leyla só falava em restaurantes árabes e queria nos arrastar para comer alguma coisa em algum deles. Acho que o apego cultural dela está mais ligado à comida do que à dança.
Em dado momento ela elogiou minha postura, fazendo um comentário qualquer sobre balé clássico. Fiquei cismada pensando se vindo de uma egípcia isso seria um elogio ou o contrário! Ai! Enfim, eu sabia que ela não faria as aulas, que estava lá mesmo só por diversão naquele dia, mas que seria muito legal ter uma egípcia na turma ah isso seria.

sábado, 19 de junho de 2010

Descobri-me muito egoísta, com a morte de Saramago


"Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma."

Porque por mim ele não se iria com 87, mas poderia ficar até uns 107, espremendo até o fim de um fiozinho de vida esse formidável talento de escrever que ele tinha. Embora tudo que eu tivesse lido dele só me deixasse mais pessimista em relação à espécie humana e sem nenhum conforto espiritual, e ainda precisasse abstrair aquele jeito de ele enxergar as coisas com excessiva e assustadora lucidez, aquilo que em poesia se chama melopeia é que mais me viciava nos textos dele. Certas pessoas não deviam morrer nunca, não deviam de.

Blog do José Saramago: http://caderno.josesaramago.org

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Um certo ateliê na Brigadeiro...

Quando iniciei as aulas de dança do ventre em um studio bem pequeno no bairro onde então morava, mas que tinha professores bem legais, de jazz, flamenco etc., perguntei para a minha primeira prof de DV, a Dívia Dy, onde comprar roupas para aulas e acessórios, porque nem me passava pela cabeça comprar um figurino completo, como muita gente faz e eu sempre me pergunto por que, se estão começando, vão dançar onde e com que repertório (talvez num baile a fantasia?). Ainda bem que estudar outras danças dá uma noção pra gente de que é necessário um mínimo de vocabulário antes de sair por aí, mas enfim cada um tem uma viagem pessoal particular. A prof sem pestanejar me indicou a 25 de março, um outlet na Vila Mariana e o Atelier da Tia Cecy.
Eu comprava meus colants e roupas pra dança na Galeria Ouro Fino, e não me lembrava de ter visto nada ligado à DV por lá.
Por acaso esse tal atelier da Tia Cecy ficava próximo da editora em que eu trabalhava, nos arredores da Bela Vista. Na avenida Brigadeiro Luís Antônio, 1156, entrei no corredor de um labirinto que ia se desdobrando em várias lojinhas de produtos diversos. Lá dentro, não havia muita iluminação e isso dava um clima quase mágico ao lugar. Com tecidos, panôs , roupas e uma infinidade de lenços pendurados por todos os lados. Eu achava que o nome era apenas uma marca, mas a tia Cecy em pessoa estava lá e perguntou "Se eu me importava que ela mesma me atendesse porque a mocinha vendedora estava ocupada com o estoque." Imagina se eu ia me importar. E ela foi tão atenciosa mesmo sabendo que eu compraria apenas um lencinho de quadril e não aquelas roupas glam, luscious que ela vendia. Havia uma delas, vestindo uma orgulhosa manequim de loja, era um vestido, bordado de pequenas perolinhas coral dos pés à cabeça, porque havia mesmo um adereço de cabeça, como uma malha-cota, parecido com uma que a Mona Said usou num filme para dançar um... saidi (vídeo que eu amo de paixão, só que a pessoa que postou não permite compartilhar, sei lá por quê). Fiquei me perguntando quando é que eu teria punch para dançar com uma roupa daquelas, que era uma pequena fortuna, ou seja, pra bailarinas que já estavam no mercado, se jogando por aí, tipo a Soraia Zaied ou outras.

E tudo que eu achava mais bonito era igualmente muito caro (para os meus padrões), ao que ela respondia sempre calma, com uma expressão de bondade "que esse lenço era importado, mas que havia um outro mais em conta." As roupas eram todas de sonho, os adornos com combinações de cores em que o verde-água era inexplicavelmente mais verde-água que os outros.
Não era muito dada a pechinchas, embora inserida na comunidade egípcia em São Paulo, ser casada com egípcio e viajar com frequência ao Egito. Tinha muita consciência da qualidade do seu trabalho.
Diz a lenda que ela dançava e até deu aulas a Soraia.
Saí de lá feliz com meu lencinho de quadril preto bordado com ramos de flores, que dá pra usar também como adereço de flamenco, por causa das longas franjas. Até hoje não vi nenhum igual nem parecido.

Tia Cecy faleceu semana passada e fazia parte do universo bellydancer de São Paulo. Creio que não há profissional ou diletante que tenha um certo tempo de estrada por aqui e não a tenha conhecido e a seu importante trabalho, ainda que de passagem. O que é a bailarina sem o figurino? Ainda uma bailarina decerto, porém a roupa faz parte do imaginário e desse ritual de transportar o público a um mundo onírico e onde mais a imaginação o levar.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Patadas flamencas - Carmem Amaya



Hoje acordei saudosa do flamenco. E não sabendo muito bem o que fazer com isso, resolvi assistir a um vídeo da Carmem Amaya.

O estilo de dançar de Carmem Amaya (1913-1963) personificava a alma do flamenco, e chegava a ser masculinizado se comparado ao flamenco de Corte, dos bailes, dos movimentos elegantes e estilizados dos shows que costumamos ver atualmente, com muita influência do balé clássico. Gostava de dançar de calças, algo não muito comum para as mulheres de sua época bailarem flamenco. Nas suas apresentações, a técnica era colocada a serviço da paixão pela arte, chegava a ficar fora de si e se descabelar e até perder as peinetas do penteado, possuída por "el duende", nome dado pelos flamencos a uma espécie de transe em que entra o bailarino quando põe toda a emoção ao pisar num tablado. Para atingir esse estado, infelizmente não existe técnica, dizem eles, ou se tem ou não se tem.

Para uma biografia mais completa ver aqui.

João Cabral de Melo Neto, em sua fase espanhola, escreveu sobre ela:

Carmem Amaya, de Triana

As vizinhas diziam todas:
"bendita madre, que bailadora!"

Então botaram-me na escola:
era sevilhanas a toda hora.

Sevilhanas são para as damas,
para as niñas bien, não têm chama.

Aprendem-nas para na Feira
dançá-las entre si nas casetas.

Dançá-las dentro das famílias
como na Feira de Abril, em Sevilha.

"Nunca pensei em ser dama, não:
pois toquei fogo na lição."

Dançar não é coisa aprendida,
mas o aprender-se cada dia.

Assim é que entendo a lição;
sabê-la, mas segui-la, não.

Fugir do que ela faz de gesso,
dançá-la, mas sempre do avesso.

Tinha então de ganhar a vida,
e como eu, mais de mil havia.

Onde ir buscar esse sotaque
que entre dez mil me destacasse

e fizesse dizer: - Eis a Amaya,
eis seu bailado, vivo e em chaga."

"Fui numa tarde à Maestranza,
vi Pepe Luís (toureio e dança)

com ele aprendi que a morte
é que faz o sotaque mais forte,

e que não traz mal a quem a toque:
pois raro acede a quem a invoque.

Por isso, que pus no baile
a morte e seu arrepiar-se.

Supersticiosa, sou cigana,
vivo muito bem com a tal dama:

Ela faz mais denso o meu gesto
e só virá em meu dia certo."

terça-feira, 1 de junho de 2010

Como seria a sua dança se...



Como seria a sua dança se você fosse pra galera quase todos os dias? Sim, digo com isso dançar quase todos os dias com escalas em fins de semana e feriados, faça frio, com chuva ou calor.
Então pense naquela dança que vc preparou e escolheu a música com cuidado, estudou e preparou a coreo e teve dias e até semanas para escolher entre uma ou outra que já tinha preparado há tempos, pra dançar sazonalmente, num chazinho na escola aqui, num bazar beneficente ali, num espetáculo de final de ano num teatro, ou num aniversário familiar ou outro evento para o qual foi convidada por amigos. Pense na possibilidade de não poder repeti-la na semana seguinte no mesmo lugar, porque o público é assíduo e vai ver vc com a mesma roupa e a mesma música e a mesma coreo. É claro que vc poderá repeti-la... quando for dançar em outro lugar em que estiver na escala.
Estou falando obviamente das bailarinas profissionais que fazem dos shows e aulas o seu principal meio de vida, e não de bailarinas ou, segundo o sindicato, de dançarinas (caso no qual me enquadro) que têm outro trabalho como sustento principal e não dependem dos shows para pagar as contas. Não falo também de casos em que a pessoa tem os pais, o marido, ou namorado que as apóiam ou bancam integralmente. Falo é daquelas que se sustentam e têm outros a quem sustentar com a dança.
É claro que é uma escolha que requer coragem, porque viver de arte por aqui não é tarefa fácil. Além de ser uma "arte", como muitos falam, trata-se de um trabalho, como outro qualquer. Vamos ver se não é? A gente faz curso de soumbóti e aprende que uma das origens da DV está nas gawazee, ou nas ouled nails, que ficavam nas feiras abertas dançando, cantando, tocando snujs, muitas com os seios de fora, e sabe-se lá o que mais, dependendo do lugar, em troca de algumas moedas para comprar comida. OK, como é que a gente analisaria essas mulheres? Como poderíamos julgá-las, quer esteticamente, quer do ponto de vista artístico, quer do ponto de vista moral? É claro que a gente vê a iconografia e acha tudo lindo e idealizado, porque afinal de contas elas já estão no passado, mortinhas e enterradas, não é mesmo? Que bom pra elas, porque assim não correm o risco de encontrar suas imagens por aí expostas à falação alheia.
Tudo bem que é um risco que se corre. Quem está presente em qualquer tipo de mídia está sujeito análises e críticas diversas. Aí neguinho vai, pega um recorte do seu trabalho em 1900 e lá vai bolinha, quando desde a roupa até a coreo vc queria eliminar da face da terra, e "analisa a sua performance sob numerosos e profundos pontos de vista". E é claro que aquilo não corresponde mais ao seu trabalho atual, mas como pode o crítico saber se ele nunca te viu ao vivo, e se ele mora lá em Piraporinha da Serra e vc aqui na Barra Funda, né mesm? Mas o mais curioso, por algum inexplicável fenômeno artístico, as bailarinas de Piraporinha (ou localidade X em que residem os críticos) são todas uns primores, e só merecem sarrafo as que residem em Barra Funda, Brás, Bexiga, Cairo... lugares longínquos, enfim. Mas o que importa é criticar bem para criticar sempre. Depois, é tão bacana ser malvadinho, né? Pelo menos na 8a. série a gente pensava assim...
Mas o que me espanta é a falta de bom senso que gente do meio tem ao criticar. Gente, isso é uma coisa que eu jamais de ma vie faria: "Sabe, a fulana lá de Goiás, do Recife, ou do Paraná? Que horror, como dança mal, né?" E a tal fulana, que nem sabe da existência de quem falou dela, continua levando a sua vidinha de sempre, com os shows nacionais, e internacionais diga-se de passagem, as aulas, os works, a beleza dela, o charme dela (coisas que independem de biotipo, a pessoa pode ser gorda, magra, ou gostosa, ou mais ou menos e ter tudo isso, portanto não vale usar seu biotipo para descontar nos outros os próprios recalques), enfim, tudo o que o Mercado atual exige e a pessoa que criticou não teve nem nunca terá. Não porque não possa fazê-lo, mas porque não se empenha nisso o suficiente, e porque esse não é o seu TRABALHO, e no fundo tem inveja de quem o faz. Fica tão claro! A pessoa criticada pode até quem sabe ser sua companheira de lado num work internacional qualquer da vida. Esse mundo é tao pequeno!
Gente, se pra afogar minhas mágoas de achar que não tenho o perfil, nem o biotipo, nem o profissionalismo, nem a técnica de mil e poucas pessoas, teria desistido de dançar há muito. Adianta eu ficar falando mal de tudo quanto não me agrada por aí só porque o outro não é o meu espelho ou porque não compreendo as razões do trabalho alheio, por desconhecimento, imaturidade ou sei lá por que mais?
Tenho em mente que tomei essa opção há muito tempo, a de não ir pra galera geral. Poderia muito bem tê-lo feito, mas tomei outro rumo, e ninguém tem culpa pelo fato de eu não estar sob holofotes sete dias da semana.
Eu ou você, que temos um trabalho em que o fazemos sentadinhas, em escritório, em casa, ou nas firmas da vida, podemos até trabalhar em condições adversas, por mais que saiamos a campo vez ou outra, levantemos da mesa vez ou outra, trata-se de desk job. Podemos também tomar nosso analgésico e dar um tombadinha na mesa, que receberemos até olhares caridosos dos colegas. "Tadinha, não está bem".
Há bares que suspendem por tempo indeterminado a bailarina se ela precisar faltar e não arrumar uma substituta. Pois então elas têm de dançar com cólicas mesmo senão quiserem perder o emprego. Claro que ninguém quer saber dos bastidores, a gente quer mais é que os artistas brilhem, não é mesmo? Se a gente parar de olhar nosso umbiguinho e mirar com realismo esse trabalho não vai ter coragem de sair por aí malhando os outros, não vai mesmo. É fácil falar mal quando não se tem a manha de encarar esse batente, o da "arte" full time.

Por isso esse texto é uma homenagem pras minas que vão pra galera de segunda a domingo. Em bares, danceterias, casas noturnas, feiras livres, de promoções, em teatros, cafés, com garçons andando em torno, gente jantando, gente apreciando, aplaudindo, nem ligando, se divertindo, sonhando, curtindo...
E até mesmo para aqueles de quem eu não curta tanto assim o trabalho por variados motivos. Esses também merecem todo o meu respeito.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Minhas sazonais e curtas incursões pelo balé clássico




A primeira vez foi há mais de dez anos. Certo dia , durante um ensaio do grupo de jazz, nosso professor e coreógrafo, o Daioner Romero (que eu não sei por onde anda) olhou pra nós e disse assim: Vocês estão todas tortas. Cruzes, e juro que não é por culpa minha! Mas vou fazer tomar uma providência. Vou chamar um amigo meu que é professor de clássico para pegar uma hora do ensaio e dar uma "acertada" em vocês. Eu fiquei ansiosa, que o balé sempre foi um sonho dourado e distante pra mim. Sou capaz de chorar até hoje até em apresentação de baby class! Pois durante a tal aula o professor dava algumas rotinas, barra, deslocamentos, posturas etc. e quando acabava aquela hora e faltavam ainda 3 horas de ensaio, eu pensava. "Que pena... por mim poderia seguir todo o tempo que faltava com essa aula que eu nem sentia o tempo passar.". As meninas do jazz puro, dava graças a deus: "Acho lindo balé clássico, mas não via a hora de acabar essa aula. Essas músicas são devagar demais pra mim."
Adorava aqueles momentos clássicos dentro do ensaio do jazz, só que o professor ia dando as aulas, não explicava o porquê de nada, e eu e as meninas também iamos fazendo a coisa e pronto. Eu sinceramente não parava para "pensar", simplesmente ia fazendo o que ele pedia, o que quer dizer que não tinha uma consciência precisa do movimento que estava executando.

Foi-se o professor de clássico depois que nosso coreógrafo decidiu que já estávamos mais aprumadas. E eu esqueci do assunto, com tantas atividades que tinha para fazer.
Dia desses soube que teria balé clássico para dultos na academia que frequento, mas como é um curso pago à parte, dei uma espiadinha na aula e deixei pra lá. Se eu fosse uma rica, gastaria todos os meus tostões fazendo aulas de dança de todo tipo. Encontrei com a professora nos corredores e ela me propôs que eu fizesse umas duas aulas free, para conhecer o trabalho, já que tinha tanto interesse em dança e tals. Minha surpresa foi imensa, porque na faculdade de dança ela teve cursos com outro tipo de abordagem ligados a teóricos da reeducação do movimento, eutonia, Laban e uma linha parecida com a do Ivaldo Bertazzo. Então ela explicava os movimentos e o porquê, que grupo muscular estaria envolvido e consequências, etc. parava para massagear os pés dos alunos, coisa que eu nem cismava ter em uma aula de clássico, e claro deslocamentos de centro, barras, saltinhos, ou seja, tudo também do "normal". Ok, mas não vou deixar as aulas de DV, ainda mais estando cada vez mais comprometida, fiz tudo o que há pouco tempo falei que não ia fazer: estou dando aulas, tirei DRT, ainda bem que a gente muda de opinião. Na verdade, isso tudo para mim era como a fábula da raposa e das uvas. Desdenhava, mas queria comprar. E estou muito em paz por ter tomado essa decisão. Agora dá para seguir em frente com mais convicção.
Mas voltando ao caso clássico, desejaria que todos que trabalham com dança de alguma forma pudessem ter acesso às aulas de clássico com essa abordagem de conciência corporal. O curso embora caro vale muito a pena. Espero poder fazê-lo em um momento mais abonado.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Benefícios do Body Balance e reflexões sobre mania de perfeição



Após mais ou menos um ano é que fui perceber os benefícios dessa aula, que passei a fazer pelo menos uma vez por semana, para não abandonar por completo os exercícios físicos na academia. O Body Balance é uma aula de uma hora que mescla movimentos de tai chi chuan, yoga e pilates. A trilha sonora é bem interessante e vai desde new age, rock a baladinhas pop com influência de black music, o que dá um ânimo para a gente se manter naquelas posições a princípio esdrúxulas, mas que depois vai entendendo a mecânica e que grupo muscular é trabalhado. Creio que a tônica do programa está nos exercícios de yoga e pilates, que trabalham flexibilidade em um grupo muscular e ao mesmo tempo força em outro. A impressão que dá é que saio das aulas mais ereta com o pescoço mais alongado (meu sonho de consumo é ter um pescoço mais elegante) e mais leve.
Essa aula faz parte de um pacote que as academias compram de aulas prontas idealizadas por um grupo americano (ou canadense), que apresenta essa e outras modalidades de exercícios. Cada programa dura três meses, e depois a sequência é refeita com diferentes exercícios. Os professores têm treinamento, e cada lançamento de uma série nova tem uma espécie de festinha, com a sala enfeitada e mesinha com frutas e suco após a aula, coisa de americano, que fazem de tudo um evento, um show. Mas é animado. Nos lançamentos, em geral a gente vê pessoas que nunca fizeram, e depois nunca mais farão a aula, mas que vão por causa da muvuca. Nas semana posterior tudo volta ao normal e as aulas seguem seu curso tranquilamente.
Já ouvi algumas pessoas falarem mal do Balance: uma disse que não fazia porque já tinha feito yoga e no Balance não se para muito tempo nas posições, outra menina que fez apenas uma aula disse que não dava pra aprender as posições, que ela já tinha feito yoga. Curioso é que para mim o tempo que a gente fica parece durar uma eternidade e olha que não sou assim tão fraquinha. A aula é dinâmica, o propósito é outro. Dá pra gente tirar dúvidas com o professor durante a aula, e eles sempre nos corrigem.
Pensei sobre a mania de perfeição que às vezes nos toma. Gostaria de ter tempo de fazer uma aula só de pilates, outra aula só de yoga, outra de jazz, etc. etc. Se fosse pensar "se não puder fazer todas, então nenhuma outra me serve", acabaria não fazendo nada.
Na dança também não é diferente, a mania de perfeição nos paralisa. Nada contra buscar a excelência, mas fazer o melhor possível dentro do que é possível para o próprio corpo.
Recomendo o Balance para quem dança, pois é uma ótima ferramenta, e além de melhorar flexibilidade e força muscular, tem posições esteticamente agradáveis até inspiradoras para a dança mesmo, seja qual for a modalidade que se pratique.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A prática faz o monge

Depois de praticamente dois meses sem fazer aulas e indo com pouca frequência à academia, deu pra perceber como podemos sim, perder alongamento, agilidade, memória etc. Essas esporádicas férias, inclusive dos treinos em casa, da dança me fazem refletir no quanto a prática faz sim diferença. Mais vale fazer uma aula por semana na correria, meio cansada, fugida dos afazeres domésticos, trabalho, filho, marido e cachorros do que fazer aula nenhuma com a ilusão de que estou descansando um pouquinho e que isso não fará diferença quando eu resolver voltar. Quando volto às aulas reparo que no fundo dou à dança toda a importância do mundo.
Outro dilema que não sei se acorre a muitas praticantes não profissionais: faço aulas só de DV, fora outras modalidades, há no mínimo 6 anos. Tenho vontade de assumir alguma responsabilidade em relação à dança, fazer uma turma avançada, formação pra professora, atender ao convite de uma amiga e passar algum conhecimento que adquiri pra umas amigas dela, uma vez que a minha prof foi pro Líbano, voltou, saiu da escola e agora eu que estava toda acomodada, terei de tomar uma atitude.
Pra não parar, faço aulas com a prof. que veio substituí-la, e que tem um trabalho respeitado apesar de muito jovem.
Ao mesmo tempo, olho todas aquelas roupas de apresentação das quais não quero me desfazer de jeito nenhum. Vou dançar novamente com elas? Aonde? Procurarei trabalho em algum restaurante? Embora me ache bonitona ainda, o povo quererá me assistir se já não sou tão jovem quanto a maioria das meninas do mercado?
Acho que o foco no papel de mãe em tempo integral tomo o lugar da bailarina. E penso que dei um brake por muito muito tempo de dançar mais, assim como parei de escrever. Por isso saem esses textos truncados, escritos às pressas, sem releitura, entre uma solicitação e outra, com vários erros de ortografia e repetição de palavras. É uma constatação, não estou reclamando da maternidade. Foi uma opção e quero fazer o negócio direito, e acho que na maioria das vezes consigo.
Sabem aquela escritora ganhadora de Nobel que escreveu sobre a condição da mulher, a Doris Lessing? Ela abandonou família e dois filhos pequenos porque sabia que não ia conseguir produzir o que tinha de escrever tocando uma família direito, muito menos na época em que vivia. Muito homem faz isso e ninguém dá a menor pelota, acha normal.
Entendo-a perfeitamente. Foi corajosa e fez o que tinha de ser feito.
Não faria o mesmo porque sinto que sou mais mãe do que qualquer outra coisa. E a bailarina para onde irá? E a pessoa que escreve, então?
Esses questionamentos surgiram da aula de véus ao notar que perdi por segundos a consciência corporal. Achava que estava realizando um tipo de movimento com os braços ao aprender um movimento novo, mas na verdade o que fazia era outra coisa...
Tomei isso como positivo, um desafio. Parece que estava tirando uma longa soneca e de repente acordei.