sábado, 26 de setembro de 2009

Ainda a polêmica

Estou meio atrasada com o assunto, eu sei. Momentos de desânimo e desgosto toda vez que passava por esse blog abandonado. Com trabalho em tempo integral, freelas, casa para administrar e filhos (minha filha humana e meus cachorros) para dar atenção, não me deixavam nenhum tempo para blogar nem escrever nada nestes últimos meses. Quando deitava não tinha nem coragem de dizer “Jesus me abana”. A frase deve ser conhecida geral e talvez fazer parte de alguma novela, que eu não sei qual é, porque me confesso uma alienada para atualidades pop nacionais. Só leio notícias cabeçonas, política nacional e internacional, ciências e eventualmente notícias bizarras sobre sobre alguma celebridade que não interessam a ninguém. Sou nerd assumida, rsrs. Pois não tive nem tempo de responder a um e-mail que a Lulu Sabongi me enviou (e creio que a várias ou a todas as alunas da escola de que ela é dona e na qual faço aulas). Li a missiva via e-email e fiquei bege num primeiro momento, indignada num segundo e cautelosa num terceiro.
É claro que não é lá muito confortável falar sobre um assunto que diretamente não me diz respeito, mas o caso foi aberto a público pela própria protagonista, por isso creio que o que ela menos queria era abafar o caso. O que deve representar para a pessoa um lugar que ela viu nascer, trabalhou juntamente com outras pessoas para construir e da qual de repente se vê banida?
O que é profundamente lamentável nesse caso, mais do que tudo no meu ponto de vista, é que um lugar que representou o sonho na vida de muita gente tenha se tornado palco para um episódio talvez final e triste para uma história tão bonita. Será que eles (o ex-casal) têm noção do que a Casa de Chá representou para tanta gente? O sustento de várias famílias de pessoas que ali trabalharam, momentos de encantamento e beleza; para pessoas que, como eu, conhecem e frequentam o lugar desde os tempos da faculdade, e bota tempo nisso... A realização dos sonhos de tantas moças e mulheres que lá se tornaram bailarinas, hoje com um trabalho consistente e reconhecido. Para mim também a escola da Casa de chá foi muitas vezes refúgio para os momentos de estresse de um dia de trabalho difícil, do trânsito, das enxaquecas. Quando deitava nas almofadas fofas para relaxar antes de começar as aulas, ficava olhando para os tecidos leves que adornavam o teto e sentia que ali era o lugar que eu realmente devia estar naquele momento, transportava-me para um mundo de leveza e harmonia, completados depois pelas aulas, que melhoravam até mesmo meus enjoos da gravidez.
Então a gente via a Lulu se apresentando ora na casa, ora nos vídeos didáticos. Para mim ela era uma personagem das Mil e uma noites, dançando era, e é, um ser fora de padrões estabelecidos para este ou aquele conceito de dança. Em aulas, das poucas que fiz com ela, devido às suas muitas viagens internacionais, aprendia em um dia, movimentos que demorava meses para aprender de outra forma, de repente ela dava uma simples dica e como num passe de mágica, “puf”, o movimento saía. “Ah, mas se eu soubesse que era assim tão simples...” Isso era a didática dela, um dom de ensinar...
O momento em que passei a ver com cautela o episódio de ela ter sido, de certa forma, “demitida” da Casa que ajudou a construir, me deu impressão de ser um assunto muito pessoal, coisa de casal, lance de família que trabalha junto nos negócios e acaba misturando tudo, sentimento, business, whatever...
No entanto, já que assunto é publico no meio DV, que é uma arte que pratico há anos, embora não trabalhe com ela, e talvez por isso mesmo me sinta à vontade para comentar, achei importante expor minha opinião. A gente lê tanta coisa... de pessoas que nem sequer conhecem de um modo mais próximo, vejam que não disse íntimo, as pessoas envolvidas... Há pessoas que metem o pau na Casa de chá, nas bailarinas, na administração, na Lulu, no Jorge, por despeito ou por não concordarem mesmo com o método de trabalho deles. Ora, então que criem um lugar e o administrem conforme queiram; não gosta do jeito que a Lulu dança porque ela “dá muito giros”, como já li por aí? Ora, vá dançar melhor do que ela, com uma técnica que você aprove e tenha como boa e certa, como até já vi também acontecer. Só que em geral não é o que acontece. A galera adora falar mal de quem faz, mas fazer que é bom...
Independentemente de tudo o que já li sobre o caso, ela fez o que achou certo fazer, cada um reage aos revezes da vida a seu modo. Se ela chutou o pau da barraca, fez o que achou melhor. Se ele permaneceu na dele, fez o que achou certo fazer. Não cabe a mim julgar essas atitudes Quero mais é vê-la dançando, dando aulas, palestras, passando o conhecimento que tem. Outra coisa: também não acho que as bailarinas atuais da casa de chá sejam péssimas, careçam de técnica, porém na arte há muito de interpretação subjetiva e quase tudo depende do ponto de vista. Já vi gente que quer ser profissional de DV dizer que odeia folclore, e outras, como eu, que amam, mas não têm tempo de praticar, oh, a vida, apesar do reveses e polêmicas a vida continua...

2 comentários:

  1. Olá Vera,

    Tb sou uma eterna aluna da Lulu.
    Fiquei triste com o desfecho, mas minha postura se assemelha à sua.

    Quero vê-la prosperar e exalar a arte que motiva e transforma a vida de tantos seres abençoados com sua doação de amor a dança.

    Ontem mesmo a vi com olhos mareados, muito discreta, ela me disse que se entristeceu muito com comentários alheios.
    Gostei muito de uma citação dela, dizendo que ela é sim uma figura pública e por isso queria expor sua decisão de dividir o momento.

    Sua imagem é veiculada em todos os meios e locais de dança com freqüência assustadora, e isso a torna uma fonte de estudo, inspiração e infelizmente de especulação.

    Gosto de pensar que poderia ser diferente, menos pessoal e mais profissional e quem sabe menos penoso, mas no fundo essa história (deles), assim como a história de tantas mulheres apaixnada, é totalmente emaranhada as ações pessoais e o desfecho dificilmente seria diferente.

    Fico na torcida pela motivação pessoal da bailarina que motiva meus estudos e tb torço para que as pessoas que apreciam a arte saibam colocar seus pontos de vistas de maneira saudável.

    beijo

    ResponderExcluir
  2. Chorei muito quando assisti ao vídeo da última apresentação dela na casa de chá. Quantas emoções fortes e como ela bem as expressa. Para mim, ela mostrou que é uma mulher mitológica, inesquecível. Ela saiu de lá de alma dilacerada, dava para sentir. Mas também deixou o recinto como uma rainha que é, deixando para sempre um espaço vazio na Khan. Ela é insusbstituível. Se eu tenho em minha vida a alegria de dançar , devo isso também a Lulu. Sempre a admirei.
    Beijo no coração

    ResponderExcluir